Alcabrozes

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terça-feira, outubro 21, 2003

Tólinhas

aqui se falou no Restaurante Tólinhas Bar, o estabelecimento mais antigo em actividade na Ilha da Armona. Vou agora falar no homem que lhe deu o nome.
António Glória Pião de sua graça, ganhou a alcunha de Tólinhas nos tempos em que jogou como guarda-redes no Olhanense, pois por cada golo que sofria batia com a «tola» num dos postes da baliza.
O seu estabelecimento era frequentado por grupos de amigos que se entretinham na galhofa, jogando ruidosos dominós, dados e cartadas, e também por famílias que procuravam ver a novela, pois durante muitos anos a Armona esteve privada de luz eléctrica, e só ali e nalgumas casas particulares se conseguia electricidade através de gerador. Quando os primeiros se excediam no ruído, o Tólinhas impunha a ordem tocando um grande sino suspenso, que foi ao longo dos anos a sua imagem de marca.
Ali se viveram grandes histórias. Vou contar apenas uma que foi presenciada pelo meu pai, e que retrata bem o espírito do local e do seu dono.
Uma bela manhã chegaram dois indivíduos, com pinta indiscutível de homens do norte. Dirigiram-se ao balcão e pediram:
"Dois nescafés, por favor."
O Tólinhas mirou-os por alguns instantes, e disparou a pergunta:
"Branco ou tinto?"
Os homens entreolharam-se espantados por uns momentos, e finalmente responderam:
"Tinto."
Comentou o Tólinhas depois com o meu pai: "Vêm estes gajos do norte pedir nescafés, sabem lá o que é isso, devem ter ouvido falar durante a viagem de comboio!".
Depois da sua morte, os seus herdeiros nunca souberam manter o espírito do local.
Por essa razão e por outras, a figura do Tólinhas permanecerá inesquecível.
Sapo

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