Que, por entre petardos de pólvora, se anunciaram ao país com o lançamento do documento Manifesto ao Povo Trabalhador, as Forças Populares 25 de Abril, vulgarmente conhecidas pelo acrónimo FP-25. Eu tinha na altura cinco anos, os suficientes para perceber a apreensão na cara dos meus pais e para cinco anos depois, observar espantado na televisão uma surreal conferência de imprensa em que três encapuçados, ladeados por outros dois, ostentavam pistolas, granadas e metralhadoras ao mesmo tempo que justificavam acções passadas e deixavam prever acções futuras.
À semelhança do que sucedera noutros países aqui estava plasmada a versão lusa do desapontamento de uma determinada franja política, mas também a frustração dos miúdos de Abril, dos adolescentes que pouco tendo vivido e não tendo combatido o Estado Novo, esperavam mais do que aquilo que a democracia trouxe.
Dos ideais do Manifesto à praxis quotidiana, as FP-25 acabaram atoladas no vazio da violência, no isolamento e na inevitabilidade da perseguição e da condenação. Parece hoje tão óbvio que assim seria.
Trinta anos passados importará por isso - mais do que glorificar ideais, contextualizar opções ou pura e simplesmente condenar - recordar o que de imutável restou, as vidas que não puderam ser vividas. Sem distinções.
- Henrique Hipólito (1980);
- Agostinho Francisco Ferreira (1980);
- José Lobo dos Santos (1980);
- Vítor David (1980);
- Carlos Caldas (1980);
- Adolfo Dias (1981);
- Evaristo Ouvidor da Silva (1981);
- Fernando de Abreu (1981);
- António Guerreiro (1981);
- Diamantino Monteiro Pereira (1982);
- Rogério Canha e Sá (1984);
- Nuno Dionísio (1984);
- Alexandre Souto (1985);
- Luís Amado (1985);
- José Manuel Rosa Barradas (1985);
- Gaspar Castelo Branco (1986);
- Álvaro Militão (1987);
Zé da Lela