sexta-feira, abril 24, 2009
Num país onde a maioria ou não quer saber, ou não se quer meter, ou embarca e aproveita, ou finge defender causas e empurra os sacrifícios para cima dos outros, lá emergem aqui e ali figuras que, pela sua grandeza, conseguem erguer-se acima da mediocridade reinante. Regra geral incompreendidos, ostracizados ou mal tratados, são pessoas a quem fica quase sempre a faltar um tributo à medida da sua dimensão.
Salgueiro Maia é sem dúvida uma dessas figuras.
Do que se vai sabendo deste Homem percebe-se que a correcção e limpeza da madrugada de 24 para 25 e das horas que se lhe seguiram se confundem com a sua forma de ser. Porque ser firme sem resvalar para a crueldade, recorrer à hipótese da violência sem se embriagar por esse fogo, arriscar tudo em troca de coisa nenhuma e manter-se longe do namoro das luzes da medíocre ribalta política deste pedaço de terra, não foi e continua a não ser, para todos. Na verdade é para muito poucos.
De há uns anos a esta parte quando penso em Abril penso em Salgueiro Maia. Mais do que nos supostos estrategas sentados entre quatro paredes, debitando ordens pelo rádio, mais do que nos oportunistas que quiseram fazer sua a obra de terceiros ou nos pavões que emergiram do período revolucionário, penso no Homem que nas imagens da época surge de ar decidido, de arma na mão, a gerir as situações complicadas que lhe foram aparecendo pela frente. Penso no que lhe passaria pela cabeça naqueles momentos de tensão no Terreiro do Paço e depois no Carmo. Penso no Homem simples que se manteve simples porque quis e que lamentava, pouco tempo antes de morrer, o facto de a corja que se sentou nos cadeirões do poder democrático saído de Abril ser a mesma que por certo lá estaria se Abril não tivesse acontecido. Penso na sua célebre frase em que contrapunha estados democráticos a estados ditatoriais e ao estado a que chegámos. E a que estado chegámos…
Trinta e cinco anos depois desse dia de Abril, um dia que é mais velho do que eu, não consigo deixar de sentir uma enorme gratidão para com este Homem.
Zé da Lela
quinta-feira, abril 23, 2009
sexta-feira, abril 17, 2009
quinta-feira, abril 16, 2009
segunda-feira, abril 13, 2009
Se soubesse que era a sério não tinha vindo
Parece ser mais ou menos o espirito de alguns tipos que se dizem militares mas se esquecem que abraçaram uma profissão de alto risco.
Quem faz sua a dita vida aceita fazer de matar e morrer o seu ganha pão, mas alguns acham que quando efectivamente têm de fazer o trabalho para o qual são pagos, têm de receber subsidios de risco e outras benesses do género.
Resumindo, quando é a brincar - nos exercicios em Portugal e no estrangeiro, com tirinhos de "pólvora seca" e viagens à borla - tá tudo bem, quando é a sério "Ah e tal, queremos subsidio de risco!"
É a chamada "tropa macaca" ou será macacada na tropa?
Zé da Lela
quinta-feira, abril 09, 2009
Há com cada surpresa na vida
Ao menos podiam disfarçar, arranjar assim um número mais modesto, mas não, tinha de ser com 100% dos votos.
Zé da Lela
terça-feira, abril 07, 2009
Cyberpunks 1986...
Ou aquelas coisas que não pensaste voltar a ouvir expontaneamente, apesar de teres o LP...
pedro a.
pedro a.
quinta-feira, abril 02, 2009
No nosso queijo ninguém mexe
Sempre foi e será a máxima da classe médica em Portugal e eu até sou daqueles que acham que toda a gente tem direito a zelar pelos seus interesses por muito corporativos e ignóbeis que os mesmos possam parecer aos restantes actores deste palco que é a vida.
O que eu dispenso mesmo é o género de hipócrisia, sobranceria e soberba, já para não falar na cretinice, associadas à defesa do indefensável que ontem vi e ouvi plasmadas nas palavras do responsável pela região sul da ordem dos médicos para justificar a oposição dos ditos cujos à hipótese de os utentes poderem optar por génericos à margem da opção do médico no momento da prescrição. A linha de argumentação era qualquer coisa como:
O que eu dispenso mesmo é o género de hipócrisia, sobranceria e soberba, já para não falar na cretinice, associadas à defesa do indefensável que ontem vi e ouvi plasmadas nas palavras do responsável pela região sul da ordem dos médicos para justificar a oposição dos ditos cujos à hipótese de os utentes poderem optar por génericos à margem da opção do médico no momento da prescrição. A linha de argumentação era qualquer coisa como:
- os doentes, habituados à toma regular de um determinado fármaco, ao não reconhecerem a embalagem do genérico incorrem no risco da toma simultãnea (do medicamento do costume e do genérico), sendo a sobredosagem um grave risco para a saúde pública.
Pronto, de uma tacada só e numa só frase, este senhor materializou o pior dos estigmas associados à classe médica, aquele que diz que os médicos são uma cambada de mercenários, organizados num sindicato de tipo mafioso a que chamam eufemisticamente ordem, arrogantes, que se estão nas tintas para os doentes que além do mais consideram criaturas acéfalas, desprovidas de uma réstia de inteligência que lhes permita perceber que o que este senhor diz se resume a um monte daquilo a que os americanos chamam graciosamente de bullshit e eu prefiro chamar retórica de 45ª categoria para tótós que é aquilo que ele acha nós somos.
Zé da Lela