Fará isto sentido?
Há coisa de uns 10 anos assisti a uma conferência/debate genericamente subordinada à questão basca, conferência organizada pela associação de estudantes da universidade onde eu era, na altura, aluno. O painel de convidados era no mínimo sui generis: uma basca irmã de etarras presos, um galego separatista basco, claramente pró-ETA e dois jornalistas portugueses conotados com os mesmos sectores radicais. O ambiente a dada altura, tenho de admiti-lo, era constrangedor: do discurso doce e soft da mana etarra envolvida na militância numa plataforma pró-aministia, passou-se para as investidas exaltadas do galego feito basco por residência, claramente radical e assustadoramente cúmplice com a ETA. A plateia pareceu-me tendencialmente pró-ETA e os que eventualmente o não seriam optaram pelo silêncio. No meio deste cenário só houve uma voz que ousou ir mais longe e interpelando o referido galego basco lhe perguntou directamente de onde vem a legitimidade ou a justificação para assassinar pessoas comuns em nome da independência de um país. Essa voz era a da pessoa que na altura me acompanhava, não só na dita conferência, mas também na minha vida. A coragem caiu mal, mas a pergunta mantém-se e, pelo menos para mim, faz hoje ainda mais sentido do que na altura. Fará isto sentido?
Zé da Lela
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