O Xô Dôtô, Xim Xnhô!
Não poderia concordar mais. No more comments!
"...proponho que se abandone o maior exemplo de lambe-botismo entranhado na alma lusitana: o "senhor(a) doutor(a)" aplicado de rajada a toda a gente que tenha completado um ano na universidade.
Este senhor doutor é um exemplo ainda vivo de provincianismo novecentista queiroziano, cultivado até à exaustão pelos meus camaradas dos media, para quem qualquer político é senhor doutor.
Na Europa não me lembro de equivalentes (talvez à excepção da Itália). No resto do mundo apenas existe o culto do título académico na América Latina, e mesmo assim no Brasil a culpa é toda nossa, por via da herança colonial. No México, na Bolívia e no Peru, por exemplo, os presidentes, senadores e deputados são tratados por “licenciados”, uma expressão igualmente pomposa, mas pelo menos mais verdadeira.
Aqui estou completamente de acordo com os anglo-saxónicos: doutor só o médico, e mesmo assim em moderação (apenas no consultório). Os americanos abrem também uma excepção para os teólogos. Na América, os reverendos pastores são também doutores. Mas os encómios honoríficos ficam-se por ai. Senhor e senhora chegam-lhes perfeitamente. E para nós, portugueses, deveriam chegar também.
Em contrapartida, Portugal é o único país onde “engenheiro” e “arquitecto” são títulos passíveis de utilização em conversas normais para apresentar alguém: “Este é o senhor engenheiro. Senhor engenheiro, apresento-lhe o senhor arquitecto.” Lindo.
Que se abandone o senhor doutor, o senhor engenheiro e o senhor arquitecto. Mas especialmente o senhor doutor. Digo eu.
Fica já aqui uma promessa: o primeiro que me chame senhor doutor – e o disser assim, sem ironia, mesmo depois do doutoramento –, parafraseando um escritor brasileiro de quem muito gosto, “cascudo nele”!"
in rua da judiaria
Gin-gôlÔ
"...proponho que se abandone o maior exemplo de lambe-botismo entranhado na alma lusitana: o "senhor(a) doutor(a)" aplicado de rajada a toda a gente que tenha completado um ano na universidade.
Este senhor doutor é um exemplo ainda vivo de provincianismo novecentista queiroziano, cultivado até à exaustão pelos meus camaradas dos media, para quem qualquer político é senhor doutor.
Na Europa não me lembro de equivalentes (talvez à excepção da Itália). No resto do mundo apenas existe o culto do título académico na América Latina, e mesmo assim no Brasil a culpa é toda nossa, por via da herança colonial. No México, na Bolívia e no Peru, por exemplo, os presidentes, senadores e deputados são tratados por “licenciados”, uma expressão igualmente pomposa, mas pelo menos mais verdadeira.
Aqui estou completamente de acordo com os anglo-saxónicos: doutor só o médico, e mesmo assim em moderação (apenas no consultório). Os americanos abrem também uma excepção para os teólogos. Na América, os reverendos pastores são também doutores. Mas os encómios honoríficos ficam-se por ai. Senhor e senhora chegam-lhes perfeitamente. E para nós, portugueses, deveriam chegar também.
Em contrapartida, Portugal é o único país onde “engenheiro” e “arquitecto” são títulos passíveis de utilização em conversas normais para apresentar alguém: “Este é o senhor engenheiro. Senhor engenheiro, apresento-lhe o senhor arquitecto.” Lindo.
Que se abandone o senhor doutor, o senhor engenheiro e o senhor arquitecto. Mas especialmente o senhor doutor. Digo eu.
Fica já aqui uma promessa: o primeiro que me chame senhor doutor – e o disser assim, sem ironia, mesmo depois do doutoramento –, parafraseando um escritor brasileiro de quem muito gosto, “cascudo nele”!"
in rua da judiaria
Gin-gôlÔ
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